A obra de Eça de Queirós, sem dúvida a melhor prosa de todo o Realismo português, tem sua produção mais relevante dividida em duas fases: a realista e a pós-realista.
A Correspondência de Fradique Mendes
Na primeira parte da obra, um narrador em primeira pessoa que se trata por "eu" apresenta a personagem Fradique Mendes. O narrador se encontra em um café em 1867 e lê em uma edição de "Revolução de Setembro", uma pequena coletânea de poemas chamada "Lapidárias", que seria de autoria de Fradique Mendes. Para o narrador, aquele seria um grande poeta extremamente original, com temas realmente novos e modernos. Ele elogia, então, sobre Baudelaire e Fradique.
Após isso entra em cena Marcos Vidigal, amigo dos tempos de faculdade do narrador, mas descrito como uma pessoa menor. Porém, para surpresa do narrador, Vidigal é parente de Fradique e promete apresenta-los. Vidigal torna-se, então, um narrador em primeira pessoa e conta toda a história de Fradique.
O poeta de "Lapidárias" teria sido filho de uma rica família dos Açores e recebido grande herança. Fradique é educado por sua madrinha, mulher de grande erudição e punho firme. Ele estuda Direito em Coimbra e, após a morte de sua madrinha, fica em Paris esperando a maioridade para receber sua herança. Livre e rico, participa de diversos acontecimentos históricos e trava contato, dentre outros, com Victor Hugo. Terminado o relato de Vidigal, volta o narrador em terceira pessoa.
O narrador é então apresentado a Fradique e a partir daí cria-se uma certa amizade. Os dois travam discussões sobre arte, literatura e questões sociais. Apesar de o narrador declarar que acha Fradique pedante, mantém sua admiração por ele, uma vez que trata-se de uma pessoa original e brilhante. Fradique e o narrador ainda se encontram no Cairo e conversam sobre as diferenças entre o Oriente e o Ocidente. Para Fradique, o Oriente está tão decadente quanto o Ocidente.
O narrador segue, então, contando uma série de fatos sobre Fradique, de modo a deixar claro a erudição desse incrível homem e criar a ilusão de que ele realmente existiu. No final dessa primeira parte, o narrador conta que não sobrou nenhuma obra impressa de Fradique e que especula-se que ele havia deixado alguma arca perdida contendo manuscritos. De concreto, só restam cartas. Começa, então, a parte epistolar do livro, que consiste em cartas que Fradique escreveu a amigos e intelectuais da época.
A segunda parte do livro apresenta 16 cartas escolhidas pelo narrador para dar credibilidade à figura de Fradique Mendes. As cartas são endereçadas tanto a pessoas reais (tais como Oliveira Martins e Ramalho Ortigão) quanto a personagens fictícias. Dentre as 16 cartas, nove são dirigidas a mulheres, sendo que Madame Jouarre recebe cinto cartas, Clara recebe três e Madame S., uma. Ao que tudo indica, todas as personagens femininas são fictícias.
Na carta a Madame S., Fradique defende o uso da língua materna, onde realmente reside o nacionalismo. Ele dá como exemplo a hilária história de sua tia, que ao viajar a países estrangeiros, recusava-se a falar outro idioma que não sua língua materna. Como ela gostava de comer ovos bem frescos, mesmo nos melhores hotéis abaixava no chão e imitava uma galinha. Conseguia, assim, comunicar-se perfeitamente.
Nas cartas a Madame Jouarre, Fradique discorre sobre diversos assuntos. Somente com ela que Fradique fala sobre seus sentimentos. Na primeira delas, ele diz querer conhecer uma moça com quem Madame Jouarre conversava em uma festa e exalta a jovem com grandes elogios. Em outras cartas, conta de sua estadia em Lisboa e de como a cidade está decadente e provinciano. Para ele, o futuro de Portugal tende à ruína. Na última delas, Fradique fala de um conhecido de ambos: Padre Salgueiro. Este padre agiria como se fosse um funcionário público: apenas cumpre suas obrigações de padre como se fosse uma profissão como qualquer outra. Seus discursos não têm emoção e nem inteligência.
As cartas direcionadas à Clara são típicas cartas românticas. Estas cartas surgem como um contraponto às demais. Nas outras, Fradique é uma personagem intelectual e distante, mas nestas direcionadas à Clara ele se dobra perante a moça e fala a ela com um sentimento amoroso exagerado. Porém, Fradique não tem intenção de se unir a moça, mas sim apenas viver o seu amor como um objeto de adoração. Mais do que a Clara, Fradique passa a impressão de amar a ideia de estar amando.
As demais cartas, todas endereçadas a personagens masculinas, tratam de assuntos como literatura, arte e política. Em uma delas, Fradique discursa sobre religião, comparando o Budismo e o Cristianismo. Para ele, as religiões são como qualquer outra manifestação própria de uma cultura: cada deus é inventado por um povo e serve como manifestação cultural desse povo.
Em outra, fala sobre a construção de uma estrada de ferro na Palestina. Para Fradique, a Terra Santa deveria ser mantida como está, como se fosse um museu a céu aberto para intelectuais. Não importa a qualidade de vida dos moradores de lá, contanto que tudo se mantenha intacto para o deleite dos turistas. Por fim, termina por criticar os jornais dizendo que estes só servem para reforçar as três coisas capazes de matar uma sociedade: a intolerância, o juízo ligeiro e a vaidade.
Referências:http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/correspondencia-fradique-mendes-resumo-obra-eca-queiros-698943.shtml
O Primo Basílio
Jorge e Luísa formam um jovem
casal pertencente à burguesia de Lisboa. Convivem com um círculo de amizades
formado, entre outros, pelo Conselheiro Acácio, homem apegado a convenções
sociais; Dona Felicidade, que nutre uma ardente paixão por ele; e Sebastião, o
melhor amigo de Jorge.
Jorge parte para uma viagem de
trabalho. Durante sua ausência, Luísa recebe a visita de um antigo namorado de
juventude, seu primo Basílio, residente em Paris. Admirado com a beleza da
moça, Basílio envolve Luísa em um jogo de sedução, que faz com que ela se
imagine vivendo uma das aventuras amorosas de suas leituras românticas. Eles se
tornam amantes, passando a trocar bilhetes e cartas de amor. Luísa encontra
estímulo na amiga Leopoldina, mulher casada, colecionadora de casos
extraconjugais. Toda a movimentação da casa é observada pela governanta
Juliana, sempre às voltas com planos de enriquecimento rápido.
Para escapar das desconfianças
dos vizinhos, o casal de amantes passa a se encontrar em um quarto alugado nos
subúrbios de Lisboa. A despeito da decrepitude decadente do lugar, chamam-no de
Paraíso. Ali, vivem tórridas
cenas de amor. Com o tempo, Luísa percebe um esfriamento na paixão de Basílio,
que passa a lhe tratar com certo desprezo.
Juliana se apodera de algumas
cartas trocadas entre os amantes e passa a chantagear a patroa. Luísa expõe um
plano de fuga a Basílio, mas este se recusa a segui-lo e retorna a Paris.
Jorge chega da viagem e Luísa
continua a sofrer o assédio de Juliana, que exige uma grande quantia em
dinheiro para devolver-lhe as cartas. Para conter seus ímpetos, Luísa se vê
obrigada a conceder à empregada uma série de privilégios: presenteia-lhe com
seus vestidos, deixa seu quarto mais confortável e chega até mesmo a
substituí-la em alguns serviços domésticos, sempre às escondidas do
marido.
Jorge se apercebe do que
acredita ser desprezo de Juliana pelo trabalho e resolve demiti-la. Juliana
exige o dinheiro da chantagem e Luísa apela então para Sebastião. Ele escuta
toda a história do adultério e fica horrorizado, mas resolve ajudar a amiga.
Vai até a casa de Jorge em um momento em que Juliana está só e, com ameaças de
prisão, obtém as cartas. Vendo escapar-lhe o sonho de enriquecimento, Juliana
tem uma síncope e morre. Sebastião entrega as cartas a Luísa.
Luísa adoece. Jorge apanha, em
meio à correspondência, uma carta de Basílio. Imaginando que a causa da doença
da esposa seja algum problema familiar de cujo conhecimento ela o poupa, Jorge
abre a carta. Nela, Basílio relembra os bons momentos passados no Paraíso. Quando
a esposa melhora, Jorge lhe mostra a carta de Basílio. Luísa sofre um choque e,
alguns dias depois, morre.
Referências: http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/o-primo-basilio.html
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